REVISTA ESSÊNCIA

com DRA. BEATRIZ HELENA EGER SCHMITT

ODONTOLOGIA HOSPITALAR. Esse é o tema do Diálogo Aberto desta edição com a Dra. Beatriz Helena Eger Schmitt, formada em Odontologia pela PUC de Curitiba, em 1989, especialista e mestre em Odontopediatria, com Habilitação em Odontologia Hospitalar e fundadora do Serviço de Odontologia Hospitalar do Hospital Santa Catarina de Blumenau.

FALE UM POUCO SOBRE A ODONTOLOGIA HOSPITALAR E A ATUAÇÃO DO SERVIÇO NO DIA A DIA DOS HOSPITAIS.
A Odontologia Hospitalar é a área que executa procedimentos odontológicos de baixa, média ou alta complexidade em pacientes internados ou não. Seu objetivo é participar do processo terapêutico de cura ou de melhora da qualidade de vida, independentemente do tipo de doença que acomete o paciente. Atualmente, a população vivencia uma era de mudanças na Odontologia, na qual a saúde do paciente deve ser observada como um todo, avaliando não apenas a boca e os dentes, mas o estado de saúde geral. Por esses motivos, no Brasil, em fevereiro de 2008, foi apresentado à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 2.776/2008 que estabelece como obrigatória a presença do cirurgião-dentista nas equipes multiprofissionais dos hospitais de médio e grande porte, para cuidar da saúde bucal dos pacientes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Além disso, o Projeto de Lei nº 363/2011 determina que os internados em outras unidades hospitalares e clínicas também devam receber os cuidados do cirurgião-dentista.

COMO A ODONTOLOGIA HOSPITALAR PODE CONTRIBUIR COM O ATENDIMENTO AO PACIENTE INTERNADO?
A cavidade bucal é continuamente colonizada por microrganismos. Nela encontramos praticamente a metade dos microrganismos presentes no corpo humano representada por várias espécies de bactérias fungos e vírus. Os pacientes hospitalizados portadores de doenças sistêmicas, muitas vezes, se encontram totalmente dependentes de cuidados, portanto, impossibilitados de manter uma higienização bucal adequada, necessitando do suporte de profissionais da saúde para esse e outros tipos de tarefas. A aquisição e manutenção da saúde bucal, além de uma maior integração da Odontologia com a Medicina, visam ao tratamento global dos pacientes. Estudos revelam que, em apenas 48 horas após a entrada na UTI, os pacientes já apresentam a orofaringe colonizada por bactérias gram-negativas, frequentes agentes causadores das infecções relacionadas à assistência. Os pacientes que estão internados, principalmente nas UTIs, encontram-se mais susceptíveis ao aparecimento da pneumonia nosocomial, a segunda infecção mais comum relacionada à assistência e a principal causa de morte entre as infecções adquiridas em ambiente hospitalar.
Apesar de a higiene oral em pacientes internados, especialmente nas UTIs, ser fundamental, estudos e revisões sistemáticas demonstram que esta prática ainda é escassa. Sabe-se que a presença da placa bacteriana na boca pode influenciar as terapêuticas médicas, devido aos efeitos dos microrganismos, os quais podem ser agravados pela presença de outras alterações bucais como a doença periodontal, cáries, necrose pulpar, lesões em mucosas, dentes fraturados ou infectados, traumas provocados por próteses fixas ou móveis.

EM SUA OPINIÃO, COMO O SERVIÇO DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR PODE AUXILIAR A EQUIPE MÉDICA NOS HOSPITAIS?
O Serviço de Odontologia em âmbito hospitalar atua como suporte no diagnóstico das alterações bucais e como coadjuvante na terapêutica médica, seja em procedimentos emergenciais frente aos traumas, em procedimentos preventivos quanto ao agravamento da condição sistêmica ou surgimento de uma infecção hospitalar, em procedimentos curativos e restauradores na adequação do meio bucal ou em maior conforto ao paciente. A avaliação da condição bucal e a necessidade de tratamento odontológico em pacientes hospitalizados exigem o acompanhamento de um cirurgião-dentista habilitado em Odontologia Hospitalar. Existem várias doenças sistêmicas que podem estar associadas às doenças bucais, como as doenças coronarianas obstrutivas que podem ser desencadeadas pela doença periodontal. O parto prematuro ou bebês de baixo peso também podem ocorrer em decorrência da doença periodontal. Uma infecção dentária pode levar também a um quadro de endocardite infecciosa (infecção no coração) em pacientes susceptíveis. Nesse sentido, o objetivo da Odontologia Hospitalar é contribuir na melhora da doença-base do paciente, atender eventuais emergências odontológicas e proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes.

QUANDO FOI IMPLANTADO O SERVIÇO DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR NO HSC BLUMENAU? E COMO TEM FUNCIONADO?
No HSC Blumenau, o serviço foi fundado em julho de 2006 sendo o primeiro e, até então, o único na região. Contamos com uma equipe formada por mais dois profissionais de diferentes áreas: Dra. Roberta Bendini Rebelo, especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais, Periodontia e com Habilitação em Odontologia Hospitalar, e o Dr. Pablo Leite, cirurgião Bucomaxilofacial e membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. No momento, o serviço atua com mais ênfase na UTI Geral e Cardiológica. Porém atendemos diversas áreas médicas nos setores de internação, sob chamadas médicas. Estamos implantando uma rotina de visitas nas UTIs, bem como protocolos operacionais e treinamento para a equipe de enfermagem sobre cuidados bucais. Atuamos com frequência no atendimento de pacientes sob anestesia geral (procedimentos clínicos e cirúrgicos em pacientes que não permitem o atendimento ambulatorial ou que não apresentam condições sistêmicas para tal). Para o futuro, vislumbramos um crescimento contínuo da Odontologia no HSC Blumenau, no qual pretendemos dar suporte também aos pacientes em tratamento oncológico e implementar um consultório para atendimento. Dentre os procedimentos a serem realizados, destaca-se a laserterapia para afecções bucais, que acometem os pacientes que fazem quimioterapia.  

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